expresso.ptexpresso.pt - 20 jan. 16:58

Militares já ocupam 21 áreas do Governo de Bolsonaro

Militares já ocupam 21 áreas do Governo de Bolsonaro

Desde o fim da ditadura brasileira que membros das Forças Armadas não tinham tanto peso em Brasília: são já 45 os militares nomeados, ou em vias disso, por Jair Bolsonaro

Só ministros são sete, mas o número de militares já nomeados ou anunciados para ocupar cargos no Governo de Jair Bolsonaro já chega aos 45, segundo um levantamento feito pelo jornal brasileiro “Folha de São Paulo”.

Os elementos da hierarquia castrense agora chamados ao poder civil pelo capitão do Exército reformado estão espalhados por 21 áreas do Executivo. Os militares chefiam sete ministérios: Secretaria de Governo; Defesa; Minas e Energia; Infraestrutura; Gabinete de Segurança Institucional (GSI); Controle Interno e Transparência (CIT); e Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.

Acima destes, além do Presidente eleito, também está outro militar, o vice-presidente Hamilton Mourão, um general.

Outros nomeados, como é referido pela imprensa brasileira, foram colocados em postos-chave da Administração, desde a assessoria da presidência da Caixa Económica ao gabinete do Ministério da Educação, e da direção-geral da hidroelétrica Itaipu à presidência do conselho de administração da petrolífera Petrobras. Os militares comandam também, entre outras entidades, agora a Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus) e a presidência da Funai (Fundação Nacional do Índio).

Na Funai, liderada pelo general Franklimberg de Freitas, este foi já questionado pelo Ministério Público Federal sobre “possível apoio” da fundação a um empreendimento de mineração em terras indígenas.

Sendo Bolsonaro oriundo das fileiras do Exército, é este o ramo das Forças Armadas com mais militares destacados para cargos civis. Já em relação às patentes, segundo os dados coligidos pela "Folha", até esta sexta-feira estavam nomeados 18 generais e 11 coronéis.

Historiadores ouvidos pela "Folha de São Paulo" afirmaram que desde a redemocratização do Brasil, em 1985, não houve “uma avalancha de militares” no Governo como a atual. Heloísa Starling, historiadora e cientista política da Universidade Federal de Minas Gerais, considera que tal número de militares no poder civil é pouco usual numa democracia, em especial em cargos estratégicos”. A especialista disse ainda ainda que situação semelhante à que está em curso só ocorreu no Brasil durante a ditadura (1964-1985).

Os militares nomeados por Bolsonaro terão a possibilidade de gerir orçamentos milionários. Só a Petrobras, somo é salientado pela "Folha de São Paulo", teve em 2017 uma receita de 238 mil milhões de reais, o equivalente a quase 56 mil milhões de euros.

Para outros especialistas ouvidos pela imprensa brasileira, a opção de colocar oficiais militares em altos cargos do poder civil revela outro aspeto, que é falta de quadros políticos do PSL (o partido de Bolsonaro). Uma circunstância que, aliás, o Presidente brasileiro capitalizou durante a campanha eleitoral, para afirmar o seu distanciamento da “nomenklatura”, que tem governado o Brasil e feito multiplicar os casos de corrupção.

A parada dos militares nos gabinetes governamentais parece estar ainda longe do fim. Em entrevista dada da semana agora finda, o vice-presidente brasileiro, general Hamilton Mourão, afirmou que a nomeação de militares também deve chegar aos cargos federais dos estados. Para Mourão, o critério de escolha não é ser civil ou militar, mas ter capacidade para a função.

NewsItem [
pubDate=2019-01-20 17:58:21.0
, url=http://expresso.pt/internacional/2019-01-20-Militares-ja-ocupam-21-areas-do-Governo-de-Bolsonaro
, host=expresso.pt
, wordCount=478
, contentCount=1
, socialActionCount=18
, slug=2019_01_20_331708728_militares-ja-ocupam-21-areas-do-governo-de-bolsonaro
, topics=[internacional]
, sections=[actualidade]
, score=0.000000]