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Tecnológicas europeias desprezam mulheres e minorias

Tecnológicas europeias desprezam mulheres e minorias

Mais de 90% dos inquiridos dizem é bom haver diversidade nas equipas, mas a realidade revelada por relatório sobre o estado da tecnologia é diferente.

Entre as palavras e os atos, há um longo caminho a percorrer no mundo da tecnologia. Quase 90% das pessoas concordam que a diversidade numa equipa melhora o desempenho de uma empresa. Só que o mundo tecnológico ainda é dominado pelos homens: as mulheres nem chegam a representar um quarto das pessoas presentes em meetups e são vítimas de discriminação de género, tal como as minorias. Os dados constam do relatório The State of European Tech, apresentado na terça-feira em Helsínquia, Finlândia, e que mostram o estado da tecnologia na Europa.

Portugal acaba por ser um dos países menos maus neste indicador: o género feminino representa 25% dos participantes nos encontros informais promovidos por empresas tecnológicas. O país situa-se no nono lugar, num indicador liderado pela Albânia.

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O cenário agrava-se quando olhamos para os cargos de maior responsabilidade. Entre as empresas financiadas com séries A ou B de investimento, apenas 1 dos 175 responsáveis tecnológicos é uma mulher, mostra o mesmo relatório.

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E como se explica tanta desigualdade em 2018? “A sub-representação das mulheres na tecnologia europeia resulta dos estereótipos e preconceitos há muito incorporados sobre as qualidades que tornam as pessoas boas em trabalhos de programação ou as qualidades que tornam alguém um bom empreendedor”, explica Tom Wehmeier, responsável de investigação da sociedade de capital de risco Atomico.

O relatório sobre o estado da tecnologia na Europa já tinha deixado este alerta em 2017. E o cenário ficou inalterado, conforme se pode verificar no gráfico abaixo.

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No campo do investimento, a diversidade é ainda mais baixa. Em 2018, apenas 2% do montante de financiamento para empresas tecnológicas foi parar a mulheres, exatamente a mesma percentagem de 2017; 93% do financiamento foi exclusivamente para projetos liderados por homens.

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No entender da Atomico, “será necessário um esforço intenso, sustentado e concentrado de todos os ecossistemas para compensar a falta de diversidade nas empresas”. A maioria dos homens acredita que o ecossistema tecnológico europeu é inclusivo; nas mulheres, apenas 38% das inquiridas fazem a mesma afirmação.

Discriminação

Só que este esforço para combater a desigualdade terá de ser cada vez mais reforçado. Em 2018, 48% das mulheres sentiram alguma forma de discriminação nas empresas tecnológicas europeias. E 90% destas pessoas afirmam que a discriminação teve a ver com o género.

Mas também houve pessoas que foram tratadas de forma diferente por causa da etnia. Os principais penalizados foram os inquiridos negros, africanos ou das Caraíbas, refere o mesmo relatório.

Nas empresas tecnológicas, embora já seja comum haver políticas próprias para trabalho flexível ou apoio à natalidade, ainda apenas 53% dos inquiridos afirmam que as suas companhias têm medidas favoráveis à inclusão e diversidade dos seus trabalhadores.

O estudo sobre o estado da tecnologia europeia em 2018 foi feito com base em inquéritos a cinco mil pessoas.

A luta pela igualdade também se faz em Portugal, como poderá ler neste artigo: Feminismo digital: à procura de igualdade no mundo da tecnologia

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