expresso.ptexpresso.pt - 2 jun. 18:16

Conheça as camas que os portugueses esgotam

Conheça as camas que os portugueses esgotam

As camas mais caras do mundo, a Hästens e o que custa uma noite de sono dão o mote à crónica ‘Sem Preço’ desta semana

Por pretextos diferentes, já por mais do que uma vez escrevo sobre o sono nesta coluna sobre marcas e experiências de luxo. Sono insatisfatório ou de má qualidade é parte integrante das noites de, pelo menos, metade da população portuguesa, na qual me incluo. E luxo perfila-se cada vez mais como aquilo que não temos, mas que é determinante na saúde e no bem-estar, e pelo o qual estamos dispostos a pagar o que for preciso.

Além do estudo da Sociedade Portuguesa de Pneumologia que revela as fragilidades do sono nacional, notícias regulares dão conta do agravar do consumo de medicamentos e suplementos calmantes, a reboque das consequências da pandemia. Seja em alternativa ou em simultâneo com medicações, há quem procure também soluções no exercício físico, na meditação e nas terapias alternativas. Mas, e se a cama em que dormimos for a chave para um sono revigorante? Esta é a premissa (em causa própria) da Hästens, que domina o top 5 das camas mais caras do mundo.

Uma das camas mais vendidas em Portugal, o modelo Maranga, tem uma aparição na série ‘Emily in Paris’

Camas não é propriamente a forma como a marca sueca intitula aquilo que produz, preferindo o conceito de ‘sistema de sono’ à medida e personalizado, composto por cama, colchão e sobrecolchão, mais uma série de recomendações de rituais que induzem o descanso. Já lá vamos. Apesar de já estar em Portugal desde 2008 (156 anos depois de ter sido criada em 1852, em Köping, cidade a cerca de uma hora e meia de Estocolmo), nos últimos anos a Hästens tem atingido um pico de procura. Durante a pandemia, as camas disponíveis para entrega imediata esgotaram-se assim que as lojas começam a reabrir, recorda Sónia Teixeira, diretora de marketing. Se mais houvesse, mais teriam sido vendidas.

A descoberta das camas Hästens não é episódica. A procura mantém-se em alta desde o pós-pandemia, com o aumento da preocupação com a saúde e do reconhecimento da importância do sono, que faz com que os portugueses validem o custo das camas face aos seus benefícios. As mais vendidas no mercado nacional – a Maranga (com dois sistemas de molas) e a 2000T (com três sistemas de molas), ambas com 180x220 cm – têm preços que variam entre os €18.980 e os €54.380, respetivamente, dependendo do tipo de sobrecolchão, tecidos e padrões.

A Grand Vividus (€365 mil) é uma edição especial em colaboração com o designer Ferris Rafauli

O modelo Maranga, com o icónico padrão xadrez azul e branco, tem até honras de destaque na primeira temporada da série da Netflix ‘Emily in Paris’, quando Emily decide organizar uma sessão fotográfica para a Hästens, um dos clientes da agência de marketing para a qual trabalha, instalando a dita cama no coração de Montmartre e convidando influenciadoras a usufruírem da experiência. Fora do ecrã, e por cá, é possível testar os benefícios das camas nas lojas próprias da Hästens (Lisboa, Cascais e Porto). Ou mergulhar numa experiência completa e prolongada no CBR Boutique Hotel Hästens Sleep Spa, em Coimbra, com todos os quartos com as camas suecas, ou num dos seis hotéis nacionais que têm algumas suites dedicadas a este ‘sistema de sono’.

É no NHôme Country Living, em Ponte de Lima, que me entrego à proposta de dormir numa das camas da marca que é tida como a melhor do mundo e que tem três modelos entre as três mais caras do mundo (Grand Vividus, €365 mil; Vividus, €258 mil; e King Marwari, €67 mil). A título de curiosidade, a Grand Vividus é afamada por ser a cama do rapper Drake e a Vividus é a companhia noturna de quatro portugueses, disponíveis para pagar €258 mil para terem em casa o topo de gama da Hästens. Mas, afinal, qual é a base da reputação destas camas que custam a partir de cinco dígitos e ascendem até aos seis dígitos?

O corte de um colchão e sobrecolchão Hästens mostra as várias camadas de matérias-primas, que determinam o nível de conforto e o preço

Primeiro, o fabrico manual e a qualidade dos materiais (naturais e livres de tratamentos químicos nocivos), desde a estrutura da cama (pinho sueco de crescimento lento, mais estável e resistente) até ao complexo colchão com um sistema de molas (em metal resistente ao calor, mantendo a elasticidade), crina de cavalo lavada e tratada (repelente de humidade e de calor), algodão (respirável), lã (isolante térmico) e linho (absorção de vibração, reduzindo o acordar do companheiro de sono). Determinante é o sobrecolchão, que pode incluir algodão, mistura de lã e crina de cavalo. O nível de conforto e o preço final de cada cama, esses, dependem da quantidade de camadas de cada um dos materiais. Ou seja, quanto mais camadas, mais confortável e cara é.

A cama que me espera na suite de 42m2 no NHôme Country Living, em Ponte de Lima, é uma das preferidas dos portugueses e a que tem a aparição na série ‘Emily in Paris’. No primeiro contacto (entenda-se, assim que entro no quarto e me atiro para cima da cama), a Maranga (com colchão de firmeza média e sobrecolchão topo de gama BJXL) corrobora os atributos de conforto reclamados. Mas aqui não é apenas a cama que faz o sono. Um cartão na mesa de cabeceira indica os vários passos a seguir na hora de ir dormir.

Pernoitar na suite Hästens no NHôme Country Living inclui champanhe de boas-vindas, produtos gourmet, pequeno-almoço na vinha da propriedade e ritual de sono (entre €380 e €500, por noite)

Primeiro, desligar o telemóvel três horas antes de deitar, ativar na coluna Marshall a lista de músicas relaxantes compilada pelo NHôme e tomar um banho quente. De seguida, beber uma tisana e pôr no papel (bloco de notas e lápis estão na mesa de cabeceira) algumas coisas pelas quais somos gratos. Finalmente, escurecer e refrescar o quarto (entre 18º e 22º), deitar e colocar a venda de olhos (também incluída). Desperto com o nascer do dia, poucos minutos depois das 6h00 da manhã, depois de uma noite em que acordo várias vezes, tudo como é habitual.

Com apenas uma noite numa cama Hästens, não é de esperar mudanças. Nem no meu perfil de sono, nem no de um dos maiores especialistas na matéria. Michael Breus, psicólogo clínico norte-americano e especialista em medicina do sono, relata a experiência de um mês e meio com uma cama Hästens de 49 mil dólares (parte da remuneração para dar formação e apoio aos clientes VIP da marca sueca). O conhecido ‘The Sleep Doctor’ conta, numa publicação no seu site em dezembro de 2022, que na primeira semana dorme pior do que dormia antes... Mas a situação vai mudando progressivamente, por este tipo de colchão requerer habituação. Passadas seis semanas, garante ter um sono mais consistente, sem dor de costas ao acordar.

As provas do Concurso de Saltos Internacional é uma das iniciativas apoiadas pela Hästens, por ter uma ligação direta à base da principal matéria-prima das suas camas: os cavalos

A forma como se acorda e decorre o dia refletem a noite e a qualidade do sono, sendo a cama um coadjuvante. É por esta razão que a marca de sueca cria o Hästens Sleep Spa, disponível no CBR Boutique Hotel, em Coimbra, a única localização no mundo com este conceito, para já. Dentro da lógica de spa de sono é suposto ter a temperatura do quarto a cerca de 18º; silêncio e escuro absolutos; lençóis e roupa de dormir 100% algodão ou em seda; usar almofada com altura e qualidade adequadas; não ver televisão nem consultar dispositivos digitais no quarto; e deitar e acordar à mesma hora, inclusive ao fim de semana.

Expandir a vertente de Turismo de Sono - uma tendência crescente a nível nacional e internacional - é um objetivo. Sónia Teixeira, diretora de marketing da Hästens, revela que há um plano para a marca estar em mais hotéis em Portugal, por considerar que a qualidade das camas em hotelaria é uma ínfima parte do investimento total e nas zonas comuns, quando os hóspedes passam a maioria do tempo a dormir e nos quartos. Mais ainda quando há uma urgência de sono de qualidade.

A fábrica em Köping, na Suécia, é responsável pela produção mundial das camas Hästens RIgetta Klint

A par da defesa de noites bem dormidas, a Hästens em Portugal apoia algumas iniciativas com ligação direta à base da principal matéria-prima das suas camas: os cavalos. É neste contexto que se encaixa a ligação ao NHôme e às provas do Concurso de Saltos Internacional, em Ponte de Lima e em Pedras Salgadas, que têm em comum Filipe Pimenta, enquanto proprietário do hotel, criador de cavalos e organizador das provas que integram o circuito internacional de saltos de obstáculos, ‘amadrinhadas’ pela embaixadora da Hästens, a ex-modelo e influenciadora digital Débora Montenegro.

É também no universo equestre que começa a história da Hästens, em 1852, quando Pehr Adolf Janson recebe o certificado de mestre seleiro, fazendo selas para cavalos mas também colchões com crina de cavalo, num negócio que a partir de 1917 se foca apenas nos colchões, mantendo, até hoje, a gestão familiar e a crina de cavalo como matéria-prima. Defensores de animais torcerão o nariz a esta opção. Sónia Teixeira alega que os cavalos não são sujeitos a crueldade quando lhes é cortada a crina e a cauda, que voltam a crescer. E o mal que a crina possa fazer a quem sofre de alergias? É colmatado com os procedimentos de lavagem, desinfeção e aquecimento a 140º, que permitem que o pelo de cavalo usado pela Hästens obtenha resultados negativos em testes de alergénios. Que sejam também garantia de um sono reparador.

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