observador.ptobservador.pt - 1 abr. 14:07

Trabalhou na Huawei, viveu o inferno de Lesbos e procurava trabalho. A vida de Abdul Bashir, entre Cabul e Odivelas

Trabalhou na Huawei, viveu o inferno de Lesbos e procurava trabalho. A vida de Abdul Bashir, entre Cabul e Odivelas

Atacante do centro Ismaili começou a trabalhar como técnico de telecomunicações em Cabul. Terá chegado a campo de refugiados em 2019, perdeu a mulher e chegou a Portugal dois anos depois.

Passava o dia entre as aulas de português e de costura no Centro Ismaili, numa comunidade que lhe estendeu a mão assim que chegou a Portugal — e antes, até, porque foi através de um acordo assinado entre o Estado português e a Grécia, com a colaboração da Fundação Aga Khan, que, em 2021, Lisboa se tornou para Abdul Bashir a última paragem de uma fuga que começou a mais de 8.600 km de distância, em Cabul, meia dúzia de anos antes. Entre as aulas, a perspetiva de um futuro que dificilmente teria imaginado para a sua vida e a educação dos filhos, Abdul queria mais. Numa das contas pessoais que criou na rede social Linkedin, já em Lisboa, a mensagem era clara: estava “à procura” de emprego — disponibilidade imediata.

“Versátil, proativo e profissional.” É assim que se apresenta, num dos perfis profissionais que criou, o homem que esta terça-feira assassinou duas mulheres, à facada, no Centro Ismaili. Abdul utilizava aquela rede social para mostrar a experiência profissional que acumulou quando trabalhava no Afeganistão, com passagens por empresas internacionais na área das telecomunicações. Já em Portugal, depois de passar cerca de dois anos no campo de refugiados de Kara Tepe, na ilha de Lesbos, onde perdeu a mulher num incêndio. Abdul lançava a sua página, com uma fotografia em que surge com o mar por trás. E a marca de água por cima: “Open to work.”

Imagem do perfil que Abdul Bashir criou no LinkedIn, depois de chegar a Portugal

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