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Milhares juntam-se nas ruas em defesa do direito à habitação

Milhares juntam-se nas ruas em defesa do direito à habitação

Largas centenas de pessoas encheram a Alameda Afonso Henriques, em Lisboa, para denunciar a crise habitacional, exigindo uma casa digna para todos e a regulação das rendas. Ao som de tambores e de músicas de intervenção, um mar de gente encheu a Avenida Almirante Reis em direção ao Martim Moniz. Manifestações idênticas decorrem noutras cidades do país, incluindo Porto, Braga, Aveiro e Coimbra.

Sob o lema "Casa para Viver", largas centenas de pessoas saíram à rua este sábado pelo direito à habitação, à cidade e ao fim da exploração e do aumento do custo de vida. Seguiram em marcha lenta pela Avenida Almirante Reis, em direção à Praça do Martim Moniz. Juntaram-se ao protesto em Lisboa os líderes do PCP e do BE, Paulo Raimundo e Catarina Martins que criticaram o pacote de medidas do Governo para a habitação.

Meia hora antes do protesto começar, dezenas de manifestantes já se encontravam espalhados um pouco por toda a Alameda. Uns sentados na relva a preparar cartazes, outros a aquecer as vozes para a marcha ao som dos tambores. Raquel Serdoura, uma das porta-vozes do movimento Referendo pela Habitação, começou a tarde a recolher assinaturas para uma iniciativa local de cidadãos que moram em Lisboa. Querem levar as suas reivindicações até à Assembleia da República.

"Pretendemos organizar um referendo pelo fim do alojamento local em prédios destinados à habitação, por medidas que permitam às pessoas viver em Lisboa, desde logo a descida dos preços das casas, mas também pelo fim dos vistos gold e outras políticas que promovam a especulação imobiliária", explicou ao JN.

Reivindicações idênticas às que muitos trazem este sábado às ruas do país num protesto nacional organizado em conjunto por uma centena de associações e coletivos, integrado numa ação europeia pelo direito à habitação "Dias de Ação pela Habitação 2023".

O PCP quis marcar presença estar nas ruas de Lisboa, considerando o protesto uma "uma causa justa". Em declarações aos jornalistas, o secretário-geral do partido, Paulo Raimundo, criticou o pacote de medidas que o Governo avançou recentemente, defendendo que "não responde no imediato aos problemas das pessoas", quer por "projetar questões muito para o futuro", quer por "não atacar a banca e os fundos imobiliários", os verdadeiros responsáveis pela crise habitacional. Paulo Raimundo salvaguardou que o partido irá insistir na criação de um crédito de habitação, permitindo que o aumento das rendas fosse igual ao do ano passado, uma proposta que lamentou ter sido chumbada pelo Governo.

Na mesma linha, Catarina Martins defendeu que é preciso acabar com "os benefícios fiscais e outras benesses aos fundos de investimentos imobiliários e outros tais que ganham mais com casas vazias do que com casas com gente lá dentro". A coordenadora do Bloco de Esquerda apontou que os problemas não se fazem sentir apenas em Lisboa, mas que a cidade "é já das capitais mais caras do mundo" e que os salários em Portugal "são dos mais baixos na Europa". Para Catarina Martins, os subsídios propostos pelo Governo "chegam a um grupo muito reduzido de pessoas" e quando estes acabarem "as casas ficarão cada vez mais caras na mesma". "Precisamos que as casas tenham preços justos", advertiu.

No Porto, a manifestação pelo direito à habitação mobilizou milhares de pessoas. Com início pelas 15 horas, na Praça da Batalha, junto ao Teatro de São João, os manifestantes seguiram a pé até à câmara municipal, na Avenida dos Aliados e terminaram na Praça D. João I.

Nem mesmo a chuva miudinha impediu os milhares de pessoas de se manifestarem e entoarem gritos como "passamos fome e frio para pagar ao senhorio" e especulação não, habitação sim".

Há também protestos marcados em sete cidades: Aveiro (Praça Melo Freitas), Braga (Coreto da Avenida Central), Coimbra (Praça 8 de Maio), Lisboa (Alameda), Porto (Batalha), Viseu, (Praça da República) e Setúbal (Praça do Bocage).

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