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As cidades imaginárias do arquitecto que acreditava num futuro “fantástico”

As cidades imaginárias do arquitecto que acreditava num futuro “fantástico”

Entre a obra de Pedro Balonas (1967-2023) destaca-se a reabilitação da Praça de Lisboa, junto aos Clérigos. Mas os projectos que não saíram do papel também contam uma história: recordamos três deles.

O projecto demorou a sair do papel e durante algum tempo manteve uma cratera aberta numa zona nobre da cidade. Mas a reconversão da Praça de Lisboa, junto à torre dos Clérigos, no Porto, acabaria mesmo por vingar em 2012.

A estrutura de betão e vidro, com fachadas ondulantes, acolheu comércio e restauração. E o desenho do arquitecto nascido em Coimbra abriu uma ligação entre duas ruas da cidade – ou entre os Clérigos e a Livraria Lello. Na cobertura, a cidade ganhou um espaço verde repleto de oliveiras onde é bom sentar, deitar e apanhar sol.

A Praça de Lisboa é, possivelmente, o projecto mais icónico de Pedro Balonas no Porto – e valeu-lhe o prémio nacional de Reabilitação Urbana 2013 para Melhor Intervenção de Uso Comercial.

Foto Pedro Balonas nasceu em Coimbra e vivia no Porto DR

O arquitecto, falecido a 25 de Fevereiro, vítima de um aneurisma, assinou também vários projectos habitacionais (como o Antas Houses e outro junto ao Museu do Carro Eléctrico), é o autor da estação ferroviária de Ermesinde, do edifício Bicalho, da Antiga Destilaria do Álcool em Vila Nova de Gaia, do Instituto Ibérico de Nanotecnologia e do Novo Hospital de Braga ou, além-fronteiras, da sede e agências do Banco Access Bank em Maputo, Moçambique.

Formado na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, venceu o seu primeiro prémio quando ainda era estudante, em 1990: o primeiro Concurso Europeu de Arquitectura para Edifícios Sustentáveis, promovido pela UNESCO.

A arquitectura era para Pedro Balonas uma forma de pensar e reinventar a cidade. Acreditava, citando Arthur C. Clarke, que “o futuro será absolutamente fantástico”.

Entre a sua obra, destaca-se, também aquilo que não chegou a sair do papel.

  • Reconversão das zonas ribeirinhas do Porto e de Gaia

Um hotel na Alfândega, um parque urbano no lugar do estacionamento, travessias pedonais entre Porto e Gaia, um centro de artes nos armazéns de Miragaia, uma linha de metro, uma marina fluvial e percursos pedestres na encosta dos Guindais. A ambiciosa criação de Pedro Balonas valeu-lhe, em 2008, o primeiro prémio de um concurso de ideias de intervenção na frente ribeirinha do Porto, promovido pela Porto Vivo.

A proposta de Balonas, na altura com 41 anos, poderia ser uma base de trabalho para futuros investimentos na zona, prometia a sociedade de reabilitação urbana. Na altura, o arquitecto dizia ao PÚBLICO acreditar que o seu trabalho poderia ser transformado num documento estratégico e que as várias ideias poderiam ser concretizadas na década seguinte. Não aconteceu, mas algumas parecem continuar válidas – 15 anos depois.

Foto Pedro Balonas ganhou concurso de ideias de intervenção na zona ribeirinha de Porto e Gaia DR
  • Reconversão da Estrada da Circunvalação

O tema é antigo e já fez correr muita tinta. E Pedro Balonas também pensou sobre ele. Em 2006 apresentou um projecto de reconversão desta via, que considerava ser “uma oportunidade única no desenvolvimento de projectos à escala metropolitana e/ou supramunicipal”. O seu projecto, no entanto, nunca foi para a frente.

Em 2017, os autarcas dos quatro concelhos atravessados pelos 17 quilómetros desta via – Porto, Matosinhos, Gondomar e Maia – juntaram-se para apresentar um novo projecto metropolitano de requalificação da Circunvalação. Seis anos depois, aponta-se o quadro de fundos europeus PT2030 como uma possível solução para, finalmente, se avançar com a empreitada.

  • PlanIT Valley

Para Paredes, Pedro Balonas desenhou aquilo a que revistas internacionais chamaram cidade do futuro. Os promotores do PlanIT Valley prometiam, em 2011, construir de raiz uma cidade para 225 mil pessoas com uma pegada ecológica quase nula.

A empresa liderada por Steve Lewis, ex-executivo da Microsoft, ambicionava desenvolver uma espécie de cidade-laboratório para testar soluções e servir como montra para tecnologias, bens e serviços exportáveis para outras geografias.

Foto Imagem virtual do projecto DR
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