jornaleconomico.ptjornaleconomico.pt - 29 nov. 18:21

Covid-19: Universidades chinesas mandam estudantes para casa

Covid-19: Universidades chinesas mandam estudantes para casa

Universidades chinesas estão a enviar estudantes para casa para tentar evitar mais manifesta��ões de protesto contra as restrições anticovid, numa altura em que muitas cidades estão a pedir aos residentes que evitem viajar.

Algumas universidades providenciaram autocarros para transportar os estudantes às estações de comboios e anunciaram que as aulas e os exames finais serão feitos pela internet, segundo a agência norte-americana AP.

“Vamos providenciar [aulas e exames ‘online’] aos estudantes dispostos a regressar às suas cidades de origem”, disse a Universidade Florestal de Pequim no seu portal na internet.

Esta universidade disse que o seu corpo docente e os estudantes foram testados ao vírus SARS-CoV-2, que provoca a doença da covid-19, sem registo de qualquer infeção.

A Universidade de Tsinghua, ‘alma mater’ do Presidente Xi Jinping, onde estudantes protestaram no domingo, e outras escolas em Pequim e na província de Guangdong (sul, adjacente a Macau e a Hong Kong) disseram que estavam a proteger os estudantes da covid-19 ao enviá-los para casa.

Mas a sua dispersão para as remotas cidades de origem reduz também a probabilidade de mais ativismo após os protestos nas universidades no fim de semana passado.

O vírus da covid-19 foi detetado pela primeira na cidade de Wuhan (centro) no final de 2019, e a sua disseminação global levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma pandemia em 11 de março de 2020, declaração que ainda está em vigor.

A doença – que se manifesta principalmente por uma infeção respiratória grave, mas com muitas consequências ainda em estudo – matou mais de 6,6 milhões de pessoas a nível mundial, em mais de 640 milhões de casos de infeção com o vírus SARS-CoV-2.

Para tentar travar a pandemia, foram administradas mais de 13.000 milhões de vacinas em todo o mundo, segundo dados da universidade norte-americana Johns Hopkins.

Apesar de ser o país mais populoso do mundo, com mais de 1.450 milhões de habitantes, a China registou apenas 15.970 mortes atribuídas à covid-19 em mais de 3,6 milhões de casos de infeção, segundo os dados da Johns Hopkins.

Foram também administradas mais de 3.460 milhões de vacinas contra a covid-19 no país asiático.

O Governo chinês adotou, desde o início da pandemia, a política “zero covid”, que tem implicado medidas draconianas para isolar cidades inteiras com milhões de habitantes e severas restrições à circulação de pessoas no país.

Os confinamentos têm abrandado tudo na China, desde as viagens ao tráfego retalhista, até à venda de automóveis na segunda maior economia do mundo.

Nas últimas semanas, surgiram protestos contra as medidas em algumas zonas da China, que se agravaram nos últimos dias, depois de 10 pessoas terem morrido num incêndio num edifício em Urumqi, a capital da região ocidental de Xinjiang, na quinta-feira passada.

Vídeos que circularam nas redes sociais pareceram mostrar que as medidas anticovid atrasaram o socorro às vítimas, provocando a ira de muitos chineses, que chegaram a pedir a demissão de Xi em protestos realizados em pelo menos oito cidades, incluindo Pequim e Xangai.

O recente congresso do Partido Comunista Chinês (PCC) consagrou um terceiro mandato consecutivo de Xi, pondo termo à rotatividade na liderança que se seguiu aos 27 anos no poder de Mao Tsé-Tung, desde que fundou a República Popular da China, em 1949, até à sua morte, em 1976.

Apesar de os protestos serem frequentes na China, as manifestações contra as medidas anticovid estão a ser consideradas como as mais expressivas em décadas, depois do movimento a favor de reformas democráticas de 1989.

As universidades foram o foco do ativismo desse movimento centrado na Praça de Tiananmen, ou Praça da Paz Celestial, em Pequim, que foi esmagado pelo exército chinês.

Num aparente esforço para responder aos protestos do fim de semana, as autoridades aliviaram algumas das medidas na segunda-feira, embora refirmando a estratégia “zero covid”.

Segundo a AP, não houve notícias de protestos hoje em Pequim, Xangai ou outras grandes cidades.

O perito em política chinesa da Universidade de Chicago Dali Yang disse à AP que as autoridades esperam “aliviar a situação” ao enviar os estudantes para casa.

Segundo referiu, o confinamento dos estudantes às universidades destruiu perspetivas de emprego e de negócios, e gerou frustrações que agora se manifestam pela contestação.

“Tem havido uma certa ansiedade”, disse Yang.

Numa entrevista à AP divulgada hoje, a diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, defendeu que a China deve mudar a sua política para conter a pandemia “sem custos económicos significativos”.

Georgieva também exortou a China a analisar as políticas de vacinação e a concentrar-se na vacinação das “pessoas mais vulneráveis”.

Uma baixa taxa de vacinação entre os idosos é uma das principais razões dos confinamentos, a par do surgimento de variantes mais contagiosas do vírus.

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