observador.ptobservador.pt - 29 nov. 17:29

Nova administração chega "no melhor momento" ao Banco de Portugal

Nova administração chega "no melhor momento" ao Banco de Portugal

Centeno aponta que o conselho chega no melhor momento de desafio do combate à inflação com independência dos bancos centrais a ser vista como "a chave" do controlo.

O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, considerou esta terça-feira que os novos membros do conselho de administração do regulador, esta terça-feira apresentados em cerimónia, chegam “no melhor momento“.

“Este conselho chega no melhor momento. Um momento do desafio do combate à inflação, que neste dia volta a estar nos holofotes dos decisores. A independência dos bancos centrais, consagrada formalmente ao longo das últimas décadas, é vista como a chave para o sucesso no controlo da inflação“, apontou Centeno na cerimónia de apresentação dos novos membros do Conselho de Administração do Banco de Portugal (BdP), em Lisboa.

Conselho de Ministros confirma novos membros do Conselho de Administração do Banco de Portugal

Na semana passada, o Governo aprovou, em Conselho de Ministros, as nomeações de Luís Máximo dos Santos (reconduzido) e de Clara Raposo para os cargos de vice-governadores, e de Francisca Oliveira, Helena Adegas e Rui Pinto para administradores do banco central português.

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Centeno elogiou o que considerou ser “o mais qualificado conselho de administração do Banco de Portugal“, e destacou uma “paridade de género, como nunca existiu no banco”.

O governador apontou que a estabilidade financeira resulta de um equilíbrio geral que “necessita de todos“.

“Passa pelas famílias, pelas empresas e pelo Estado. Nenhum regulador, nenhum supervisor, nenhum Governo consegue esse desiderato isoladamente numa economia liberal, de mercado e democrática como a nossa”, disse, remetendo para o que foi feito entre 2015 e 2018.

“Se nesta sala ou no país alguém ainda acreditar que teria sido possível sem uma forte cooperação institucional, entre 2015 e 2018, ter capitalizado os maiores bancos nacionais, iniciado a resolução do crédito malparado, retomado níveis de rentabilidade anteriores às crises financeiras e da dívida soberana num sinal de exigência nunca antes visto em Portugal terá de rever urgentemente tudo o que não leu sobre o sistema financeiro”, vincou Mário Centeno.

O governador deixou um voto de confiança aos novos membros, que acredita que irão compor um conselho de administração que “exercerá o cargo com responsabilidade, aberto à sociedade e ao escrutínio público”.

De acordo com o ministro das Finanças, Fernando Medina, para a seleção destes novos membros do conselho de administração do BdP foi, para o Governo, “fundamental construir equipas que sejam um exemplo para o sistema financeiro”

Medina considerou que o modelo de supervisão do sistema financeiro “está estabilizado”.

“As evoluções regulatórias e de supervisão dos últimos anos foram testadas e permitiram-nos enfrentar tanto os efeitos da pandemia, como os da guerra da Rússia contra a Ucrânia com um sistema financeiro mais resiliente“, defendeu o governante na cerimónia.

Ainda assim, o ministro considerou que há “duas dimensões, de natureza mais estrutural“, que pedem uma abordagem proativa: o reforço da coordenação e dos mecanismos de partilha de informação entre os três reguladores e a clarificação do valor da supervisão e regulação bancárias junto dos cidadãos.

“Em primeiro lugar, será fundamental que os três reguladores do sistema financeiro, nomeadamente no âmbito do Conselho Nacional de Supervisores Financeiros, continuem a reforçar a coordenação e os mecanismos de partilha de informação entre as várias áreas da supervisão financeira”, afirmou, defendendo que “só com uma visão transversal e integrada do funcionamento de todo o sistema” é possível “acautelar devidamente a sua estabilidade“.

Este é um ponto importante para o ministro das Finanças, que defendeu que “uma parte não negligenciável dos impactos económicos e financeiros no país da grande crise financeira podia ter sido mitigada com uma atuação mais coordenada da supervisão financeira”.

Garantindo que a independência do banco central é salvaguardada e protegida por instrumentos legais nacionais e europeus, o ministro enumerou três desafios “importantes“.

Para Medina, é “fundamental” aumentar a eficiência da atividade bancária através de um enquadramento regulatório simples, ágil e moderno, e de estratégias de gestão “inovadoras e eficientes” nas entidades supervisionadas.

O governante sublinhou os desafios com o financiamento das transições climática e digital, e com a emergência de novos modelos de negócio assentes nas potencialidades tecnológicas.

Neste último ponto, o ministro alertou que as entidades não podem “ceder aos que se aproveitam da tecnologia para vender ilusões”.

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