observador.ptObservador - 28 nov. 00:02

Acorda, Portugal

Acorda, Portugal

A evolução e criação da nossa identidade distinta foi um processo moroso, quiçá milenar. A nossa falta de identidade nacional desde 25 abril 1974 criou um vácuo que está a ser ocupado pelos espanhóis.

Ser-se patriota não é o mesmo que ser-se nacionalista. O primeiro termo representa uma versão moderada do segundo.

É sabido que o conceito de estado-nação surgiu nos séculos XIX e XX, numa altura em que muitos países substituíram a ligação pessoal a um rei por um conceito abstrato de nação. O caso português talvez faça exceção a essa regra, mas esse tema excede o âmbito destas linhas.

Podemos considerar a Tarifa Smoot-Hawley de 1930, nos EU

Daí que a nossa História interna esteja em crescente processo de “espanholização.” Já não se pode ter uma aula de História de Portugal hoje em dia onde não se diga que esta ou aquela nossa tradição tem origem em Espanha, ou que isto ou aquilo é parecido com (e logo cópia de) o que há no país vizinho. Este fenómeno é também fruto de os fundos comunitários que financiam a investigação serem distribuídos regionalmente, para a Península Ibérica, e de isso promover uma certa promiscuidade com os investigadores do país vizinho.

O assassinato do rei D. Carlos e do seu filho Luís-Filipe, em 1908, e a posterior substituição da nossa monarquia ancestral por um regime regido por revolucionários profissionais, o Bloco de Esquerda que era o Partido Republicano de então – nunca tendo sido este último regime referendado pelos portugueses – também ajudou a alienar-nos da nossa pátria.

Seguiram-se uma sucessão de regimes autoritários que levaram a que acabássemos por ser incapazes de fazer uma descolonização gradual e pacífica, em vez disso entregando o império a movimentos marxistas-leninistas que mergulharam as ex-colónias em guerras civis sangrentas felizmente hoje terminadas.

Talvez tenha sido a grande obra de Franco, restaurar a monarquia espanhola. Quanto a nós, parece que preferimos um comentador de televisão despido que podemos abraçar e com quem podemos tirar fotos como chefe de estado a D. Duarte Pio de Bragança e à sua descendência.

NewsItem [
pubDate=2022-11-28 01:02:53.0
, url=https://observador.pt/opiniao/acorda-portugal/
, host=observador.pt
, wordCount=305
, contentCount=1
, socialActionCount=0
, slug=2022_11_28_247927775_acorda-portugal
, topics=[história, opinião]
, sections=[opiniao]
, score=0.000000]