observador.ptObservador - 28 nov. 00:18

Recordando o 25 de Novembro e o 25 de Abril

Recordando o 25 de Novembro e o 25 de Abril

O 25 de Novembro de 1975 repôs e garantiu o respeito pela promessa de uma democracia liberal — nem de esquerda, nem de direita, mas de ambas — anunciada pelo 25 de Abril de 1974.

Voltou a passar relativamente despercebida entre nós a data de 25 de Novembro, 47 anos após a derrota da tentativa de golpe de estado comunista. Convém recordar que esta tentativa de golpe de estado visava restaurar entre nós uma ditadura — ainda que de sinal contrário à que havia sido apeada no 25 de Abril de 1974. E convém igualmente recordar que os comunistas queriam restaurar uma ditadura, desta vez em nome da chamada “democracia popular”, contra a democracia liberal e parlamentar, a que chamavam “capitalista”.

Por que motivo continua o 25 de Novembro a ser menosprezado entre nós é um tema que merece reflexão. É particularmente intrigante que seja menosprezado pela esquerda democrática do Partido Socialista, cujo fundador, Mário Soares, liderou na época a vasta coligação pluralista, da esquerda e da direita democráticas, contra a ameaça comunista. Mas não creio que essa reflexão deva ser transformada numa diatribe da chamada direita contra a chamada esquerda— o que seria uma espécie de repetição, agora com sinal contrário, das diatribes dos comunistas contra a direita e contra a democracia pluralista que, porque necessariamente inclui direita e esquerda democráticas, os comunistas acusavam (e ainda acusam) de ser “uma vasta coligação burguesa, capitalista e imperialista” (e que, na América do Sul, dizem-me que designam por “Centrão”).

Um olhar a meu ver mais estimulante consistiria em indagar o que justificou na era moderna — em certos sectores da esquerda, bem como em certos sectores da direita — a defesa de regimes absolutistas ou ditatoriais em nome do povo. No caso português, o fenómeno foi particularmente intrigante, dado que tivemos uma I República autoritária em nome da esquerda, a seguir um Estado Novo autoritário em nome da direita e depois o autoritarismo do PREC de novo em nome da esquerda — e todos igualmente em nome do chamado “povo”.

Não é certamente aqui o lugar para uma detalhada reflexão académica sobre o tema. Mas talvez me seja permitido sugerir que uma investigação sobre o tema teria invariavelmente de recuar até à revolução francesa de 1789 e aos seus legados intelectuais — não só entre a esquerda revolucionária, mas também entre a direita contra-revolucionária.

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